quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Receita de ano novo

A todos os amigos reais e virtuais:
Que 2010 seja cheio de realizações pessoais e profissionais!!!!!

Seguindo a receita de ano novo de Carlos Drummond de Andrade:

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Microcontos

Contando contos em até 140 caractéres:

1º) A testemunha ocular era cega, não viu, não ouviu nem falou nada. O estrupador gabando-se da impunidade, falou demais. Padeceu do seu crime.

2º) O brilho da decoração de natal, refletidos nos olhos do menino, fazem-no esquecer da dor da fome apertando em suas tripas.

3º) No cartão postal desgastado pelo tempo, mais que lembranças de um lugar, uma ilusão momentânea do que poderia ter sido se fosse diferente.

4º) Em dia de pesca magra, Pescador de Ilusões recolhe a rede cedo. Nenhum sonho, nem música ou poesia. E torcer pra Deus dar bom tempo amanhã.

5º) Na fauna diversificada da quadra de esportes os alunos convivem com um casal de quero quero e os quatro filhotes. Rasantes e gritaria.

6º) Um conto com toques contados: Toc, Toc. _ Quem toca? _ Nem te conto. _Se toca, não quero contato. Vá, leva tua vida que a minha vou tocando!

7º) Aos 2 anos o passado do verbo é conjugado conforme a lógica: _Isabela você tem que ir pra escola. A resposta: _Não mamãe já iu!

8º)Ultrapassando os limites do twitter, da rodovia e dos decibéis,o corpo gira 180°. Dançando e girando. À girar só (rindo). Que maravilha!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Allan Vidigal: Ton-sur-ton

As cores me atraem!
Quando quero desejar uma boa dia a alguém desejo um dia colorido.
Hoje estava me sentido descolorida até encontrar casualmente este poema de Allan Vidigal: Ton-sur-ton e descobri poesia em tons de cinza.

Leitura empacada

Enfim terminei de ler "Médico de Homens e de Almas".
Apesar do livro ser bom a leitura estava tão empacada, que devo ter demorado uns 2 meses pra terminar. Credite-se a isto quase 700 páginas, falta de tempo crônica com o acúmulo de atividades no último bimestre letivo e uma leitura arrastada pela detalhes insuportáveis em algumas páginas.
Pra aliviar dividi minhas horas de leitura com outros livros, coisa que geralmente não gosto de fazer.
Quando me cansava daquela leitura arrastada, me divertia lendo crônicas e poemas como:

TEMPO DE DESCABELAR & OUTRAS CRÔNICAS CABELUDAS de Rita Espeschit
POESIA COMPLETA de Ferreira Gullar
POEMAS DOS BECOS DE GOIÁS de Cora Coralina.

Pensando bem não foi tão empacada assim, já que no final, além da história de Lucas o Evangelista, li preciosidades como estas:

Cantiga para não morrer

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Ferreira Gullar



RESSALVA

Este livro foi escrito
por uma mulher
que no tarde da Vida
recria e poetiza sua própria
Vida.

Este livro
foi escrito por uma mulher
que fez a escalada da
Montanha da Vida
removendo pedras
e plantando flores.

Este livro:
Versos… Não
Poesia… Não
um modo diferente de contar velhas estórias.

CORA CORALINA