Quando a Isabela estava com 2 anos e dez meses escrevi algumas coisinhas que ela dizia.
Só se passaram 7 meses e já estou morrendo de saudade:
I
_Mamãe, você tá brava?
_ Não.
_ Tá sim, você tá assim (franzindo a testa).
E você tá olhando pro chão.
II
_Mamãe, você me empresta seu óculos?
Na curiosidade, empresto só pra observar.
Ela pega uma parte do jornal que estou lendo, senta-se no chão com o jornal entre as pernas e começa a “ler”.
Dá uma paradinha, tira o óculos, limpa a lente na barra da camiseta que está usando e retorna à leitura.
III
Moramos relativamente perto do aeroporto e da janela do quarto é possível observar os aviões na rota de pouso.
O pai costuma faz uma brincadeira com ela: quando passa um avião pequeno é dela e quando é grande, dele.
Um dia ela me inclui na brincadeira.
Ao avistar um avião diz que é meu, logo depois deve ter se arrependido e diz que é dela. Quuando retruco dizendo que ela havia me dado, argumenta que tinha só me emprestado.
IV
Ontem Bebela viu um helicóptero e gritou toda entusiasmada:
_ Olha mamãe, um copicópto.
_ Depois de rir da sua pronúncia tento repetir a palavra corretamente para ela.
Bebela me dá uma risadinha, como se perguntasse:
_ E você acha que eu vou conseguir falar isso?
V
Dos erres da Bebela:
Rorelha ( orelha)
Reral ( real)
Rerlaro ( Arrelaro)
Ramário ( armário)
VI
De repente Bebela me olha e dispara:
_Você não é mamãe, você é Silvia!
VII
Ao ver uma lata de cerveja Caracu Bebela dispara:
_ Mamãe o boi tá bravo!!
_ Por que Belinha?
Ele tá assim (imitando uma testa franzida).
quarta-feira, 19 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Mas eu
Mas Eu
Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.
Álvaro de Campos
Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.
Álvaro de Campos
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