quarta-feira, 19 de maio de 2010

COISAS DA BEBELA

Quando a Isabela estava com 2 anos e dez meses escrevi algumas coisinhas que ela dizia.
Só se passaram 7 meses e já estou morrendo de saudade:

I
_Mamãe, você tá brava?
_ Não.
_ Tá sim, você tá assim (franzindo a testa).
E você tá olhando pro chão.


II
_Mamãe, você me empresta seu óculos?
Na curiosidade, empresto só pra observar.
Ela pega uma parte do jornal que estou lendo, senta-se no chão com o jornal entre as pernas e começa a “ler”.
Dá uma paradinha, tira o óculos, limpa a lente na barra da camiseta que está usando e retorna à leitura.


III
Moramos relativamente perto do aeroporto e da janela do quarto é possível observar os aviões na rota de pouso.
O pai costuma faz uma brincadeira com ela: quando passa um avião pequeno é dela e quando é grande, dele.
Um dia ela me inclui na brincadeira.
Ao avistar um avião diz que é meu, logo depois deve ter se arrependido e diz que é dela. Quuando retruco dizendo que ela havia me dado, argumenta que tinha só me emprestado.


IV
Ontem Bebela viu um helicóptero e gritou toda entusiasmada:
_ Olha mamãe, um copicópto.
_ Depois de rir da sua pronúncia tento repetir a palavra corretamente para ela.
Bebela me dá uma risadinha, como se perguntasse:
_ E você acha que eu vou conseguir falar isso?


V
Dos erres da Bebela:
Rorelha ( orelha)
Reral ( real)
Rerlaro ( Arrelaro)
Ramário ( armário)


VI
De repente Bebela me olha e dispara:
_Você não é mamãe, você é Silvia!


VII
Ao ver uma lata de cerveja Caracu Bebela dispara:
_ Mamãe o boi tá bravo!!
_ Por que Belinha?
Ele tá assim (imitando uma testa franzida).

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Mas eu

Mas Eu

Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.


Álvaro de Campos