segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Fuga

Era para ser um conto sobre encontros e desencontros, mas a moça fugiu da estória.
Não queria autor nenhum se metendo em sua vida. Queria ser dona da própria estória, fazer o que bem entendesse, viajar, namorar quem escolhesse. Enfim, não queria o destino traçado previamente.
Aproveitando um momento de descuido, se esgueirou entre letras e pensamentos. Quando o Autor percebeu já não estava mais lá.
Meio desapontado ele não insistiu. Deixou pra lá a estória e ficou esperando uma nova inspiração.
A moça subitamente livre, sem ter de fazer o que o Autor planejara, foi viver sua vida
Pra começar precisava de um nome. Decidiu que seria Clara.
E Clara saiu pelo mundo, conhecendo paisagens deslumbrantes, inventando roteiros para sua vida e sua viagem. Viveu dias maravilhosos sem se arrepender de ter fugido da estória.
Sem lenço nem documento, sem passado nem futuro, com o presente de presente, Clara vive sua estória de acordo com o próprio roteiro. Às vezes apaga o que viveu e re-escreve de acordo com seus interesses
De vez em quando sente uma pontinha de curiosidade em saber como teria sido o encontro planejado pelo Autor.
Sentiria saudade depois do desencontro?
Haveria re-encontro?
Sem respostas Clara acha melhor continuar vivendo a vida que tem levado. Afinal mais vale a liberdade conquistada do que a vida imaginada pelo Autor.
E o Autor, escrevendo outra estória, ás vezes se pergunta por onde tem andado a moça fujona.

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